'Quero inspirar os outros', diz mulher que escalou cumes dos continentes

'Quero inspirar os outros', diz mulher que escalou cumes dos continentes

Thais na montanha Carstensz , ponto mais alto da Oceania (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)
Thais começou a expedição em junho no monte McKinley; no Alasca (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)Expedição começou no monte McKinley, no Alasca
(Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)

A advogada e coach Thais Amadei Pegoraro, que nasceu em Bauru (SP), se preparou durante 75 semanas para cumprir um desafio que poucos brasileiros conseguiram e em um tempo recorde de pouco mais de um ano: chegar ao cume das sete montanhas mais altas do mundo. De volta ao Brasil, Thais conversou com o G1 sobre o desafio, que ela cumpriu em um ano e 9 dias.

Ela conta que o desafio faz parte de um projeto onde o foco principal é a superação, com base em experiências que transformam a pessoa.

"Resolvi me lançar o  desafio de escalar as sete montanhas mais altas em cada continente e aprender três conceitos básicos – foco, disciplina e planejamento. Mas acredito que esse projeto começa agora e só vai valer a pena se eu puder passar o conhecimento adquirido e inspirar outras pessoas”, explica.

O desafio incluía a montanha mais alta da Terra, o Monte Everest, com 8.848 metros. Thais atingiu o cume no dia 19 de maio. Mas, o Everest foi a sexta montanha escalada pela bauruense, ela ainda tinha mais um desafio para cumprir.  A Pirâmide de Carstensz é o ponto mais alto da Oceania, fica na província de Nova Papua, na Indonésia.

Ao chegar ao cume da montanha às 10h30 no dia 4 de julho, Thais completou o projeto a que se propôs.  “Tudo foi feito em um ano pela necessidade de concentrar esforços no treinamento, de trabalhar mesmo essa questão do foco e não estender muito o projeto, diante de tudo que se tem que abrir mão na questão de tempo e da minha vida pessoal. Nesse período eu não parei de trabalhar e tive que organizar o tempo para atender os meus clientes nos intervalos das viagens.”

Mãe da Thaís publicou a notícia da sétima montanha nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook/ Thaís Amadei Pegoraro)Projeto incluiu sete montanhas e foi realizado em um ano e 9 dias (Foto: Reprodução/Facebook/ Thaís Amadei Pegoraro)
Thais e o grupo de montanhista no topo da Vision, na Antártida (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)Thais e o grupo de montanhista no topo da Vision,
na Antártida (Foto: Thais Pegoraro/ Arquivo pessoal)

O desafio da montanhista ainda incluiu o Kilimanjaro, no Kênia, ponto mais alto da África, com 5.895 metros; Elbrus, na Rússia, com 5.642 metros, sendo o ponto mais alto da Europa; Vinson, na Antártida, com 4.892 metros; a montanha mais alta da América do Norte, a McKinley (também chamada de Denali), no Alasca, com 6.194 e; e na América do Sul, Aconcágua, na Argentina, com 6.961 metros

Rede de apoio
Sete brasileiros cumpriram esse desafio e a Thais é a segunda mulher nesta lista, mas a primeira a realizar neste período de apenas 1 ano e 9 dias.

Kilimanjaro é o ponto mais alto do continente africano (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)Kilimanjaro é o ponto mais alto do continente africano
(Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)

Para cumprir tudo isso, Thais conta que teve apoio de muitas pessoas e agradece todos que colaboraram, como a equipe de logística das expedições, o pessoal envolvido no treinamento e preparação física e os guias Carlos Santalena e Eduardo Sartor, que a acompanharam em cinco das sete escaladas, especialmente diante da dificuldade de conseguir patrocínio por conta da crise financeira e variações de câmbio o que, segundo a montanhista , foi outro desafio enfrentado durante o projeto.

“A essas pessoas que acreditaram no projeto e dedicaram seus serviços sem esperar retorno financeiro eu dedico minha gratidão eterna. Coisas que eu aprendi nessa jornada são que a gente não faz nada grande sozinho, que a gente precisa de muito pouco para se sentir realizado e que a gente é muito mais forte do que pensa que é ou pode ser em um ambiente controlado como é a cidade.”

Montanhista no topo da Aconcágua, na Argentina (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)Montanhista no topo da Aconcágua, na Argentina (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)

No topo do mundo
Thais foi a primeira bauruense a chegar no cume do Everest e a quarta mulher do Brasil a cumprir esse desafio. Na temporada 2016 no Himalaia havia seis brasileiros no total dividos em grupos diferentes. No da bauruense era ela e mais dois brasileiros. Thais e o guia, Carlos Santalena chegaram ao cume juntos no dia 19 de maio. Já o terceiro integrante, Cid Ferreira, teve problemas de saúde e não conseguiu completar o percurso. Outros dois brasileiros também chegaram ao cume em datas diferentes.

Os brasileiros que já completaram esse desafio são menos de 20. Um motivo de orgulho para o irmão da montanhista. “Pra mim como irmão é um orgulho, um prIvilégio e uma inspiração. É muito bom poder viver isso com ela e brinco com meus amigos e meu filho que basta a gente olhar no céu e ver um rastro de um avião e pensar que foi essa altura que a minha irmã chegou a pé”, afirma Thiago Amadei Pegoraro.

Por dois anos, duas tragédias naturais impediram os alpinistas de chegarem ao topo do Everest. Em 2014, 16 guias sherpas, naturais na região do Himalaia, foram mortos por uma avalanche na Cascata de Gelo de Khumbu. E no ano passado, um terremoto que matou 9 mil pessoas no Nepal desencadeou um deslizamento de neve gigantesco no acampamento base, matando pelo menos 18 alpinistas e guias e encerrando a campanha de 2015.

Avalanches fatais interromperam as temporadas de alpinismo de 2014 e 2015 (Foto: AP Photo/Hans Edinger)Avalanches interromperam temporadas de 2014 e
2015 (Foto: AP Photo/Hans Edinger)

Neste ano, 350 alpinistas já conseguiram chegar no topo da maior montanha do planeta e cinco mortes foram confirmadas. Um delas no dia 23 de maio. A vítima era um indiano que chegou ao cume no dia 21 de maio e morreu durante a descida no dia seguinte.

As outras pessoas são um holandês e uma australiana, que também morreram durante a descida; um guia nepalês morreu no dia 19 de maio depois de escorregar e cair de 2.200 metros no monte Lhotse, a quarta maior montanha do mundo; e outro alpinista indiano que morreu depois de ficar doente durante a descida do monte Dhaulagiri.

Elbrus, na Rússia, fez parte do projeto (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)Elbrus, na Rússia, fez parte do projeto
(Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal)

Quando ainda estava na descida para a base da montanha, no dia 23 de maio, a bauruense conversou com o G1 e falou sobre o desafio, principalmente depois da confirmação dessas mortes. “A experiência no Everest nessa temporada foi muito rica, muito fluída perto dos acidentes dos dois últimos anos e ainda que a gente tenha recebido a notícia da morte de cinco pessoas, eles não faziam parte do nosso grupo e aparentemente morreram por causa de fadiga. Ainda que a fadiga não seja a principal causa de morte aqui no Everest, ela acontece por vários fatores seja pela altitude de ataque ao cume, pela fila de pessoas que tentaram chegar ao topo, que faz com que a gente fique parado muito tempo, aguardando as pessoas caminharem, às vezes em arestas, em locais muito expostos”, conta.

Ainda de acordo com Thais, a subida dela e do guia ao cume do Everest durou 16 horas, partindo do base camp - acampamentos avançados onde os alpinistas aguardam as condições favoráveis, até o topo. “Foram 16 horas de subida e umas cinco horas e meia de descida, para ser ter uma ideia da atividade física que empenhamos. Mas é uma experiência muito rica, impactante e ainda estamos digerindo”, completa.

Bauruense atingiu o topo do Everest na quinta-feira (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal )Bauruense atingiu o topo do Everest no dia 19 de maio (Foto: Thais Amadei Pegoraro/ Arquivo pessoal )

 

Com informações de Guilherme Azevedo e Gabrielle Gabas/ TV TEM Bauru.

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